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Ser mineiro: eis a questão…

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Dizem que mineiro é desconfiado, religioso, conservador, simples, prudente… No entanto, a sublime e subestimada arte de ser mineiro sobrevive em todos nós, em maior grau em alguns, e mais à flor da pele em outros. Mas não tem como negar: mesmo sem ter nascido nesse cantinho de terra sem mar, mesmo sendo capixaba, paulista, baiano, etc., um pouco de mineiridade subsiste em todos, pois ser mineiro é mais do que um local de nascimento, é uma maneira de encarar a vida, é saber valorizar as tradições, os costumes, a família, é conseguir perceber a beleza nas coisas simples do dia a dia, é encontrar felicidade no singelo ato de admirar uma flor e um pôr do sol inesquecível…

Para saber qual o seu grau de mineirismo, siga fazendo o teste abaixo. Conte um ponto para cada resposta positiva, some tudo e veja o quão mineiro todos nós podemos ser.

Você…

1) … se diverte a valer na praia, mas não troca um amanhecer com friozinho de montanha por nada?

Os mineiros não perdem uma oportunidade de ir à praia e ficar torrando no sol para perder aquela cor branquela que virou motivo de chacota nos outros Estados agraciados com um pedacinho de areia fofa e um mar azul. No entanto, mineiros não trocam por nada um pôr do sol na montanha, com o ventinho suave do entardecer e uma noite fria – que pede um cobertor e uma lareira acesa – pois valorizam as belas paisagens e têm orgulho do cantinho de terra onde vivem!

2) … não dispensa um pão de queijo com queijo?

Dentre todos os quitutes possíveis e imagináveis, o mineiro simplesmente reverencia o pão de queijo. Mas não vale aquele pão de queijo congelado, comprado nas prateleiras do supermercado, mas sim aquele pão de queijo caseiro, escaldado e sovado à mão. Se vier acompanhado de um queijo frescal novinho e um cafezinho, não há mineiro que resista! (Será que mineiro é também guloso?)

3) … não sai de casa sem agasalho, remédio para dor de barriga, camisinha, pente, dinheiro líquido, cartão telefônico e guarda-chuva?

O que os mineiros odeiam mesmo são os imprevistos… Além de ser desconfiado de que algo pode dar muito errado, o mineiro é, acima de tudo, prevenido. Por isso, os mineiros não saem de casa sem os apetrechos capazes de salvá-los tanto de uma tempestade quanto do fim da bateria do celular, pois o pior é não ter como se virar quando o imprevisto acontece…

4) … faz da cozinha o lugar mais aconchegante da sua casa?

A cozinha do mineiro é aconchegante, tem aroma de café, pão de queijo, e bolo de fubá, e, sobretudo, tem calor humano! É o lugar escolhido pela família para se reunir, para contar “causos” e novidades. É certo que as cozinhas de hoje estão cada vez menores, mas o mineiro precisa de pouco espaço para expressar a sua mineiridade!

5) … toma banho de mangueira no quintal ou toma sol na laje ou na varanda quando faz calor?

Na falta de praia ou piscina, a laje ou a varanda são muito bem vindas para pegar aquela corzinha ou dar uma refrescada. O que o mineiro não admite é passar vontade, e, para não dizer que temos inveja dos quilômetros e quilômetros de praia do nosso extenso Brasil, nos contentamos com a laje e com a mangueira mesmo…

6) … conhece e cita ditados populares (provérbios)?

Minha avó já dizia que só quem conhece ditados populares pode ser boa pessoa. E como água mole em pedra dura, tanto bate até que fura, conseguiu me convencer disso. Mineiro que é mineiro não é santo de pau oco, além de conhecer usa e abusa dos ditados, se diverte com eles! Pois então, vamos colocar em prática a sabedoria mineira e começar a aprender logo, antes tarde do que nunca, pois a ignorância é o pior dos males!

7) … adora contar e ouvir “causos”?

Veja bem, “causos” não são piadas. Causos são eventos curiosos ou engraçados ocorridos com o namorado do amigo da sua vizinha, com a tia da avó da sua mãe, ou com o cachorro da prima da sogra da professora do jardim da infância. Sempre fica uma dúvida se os casos são invenções ou produto de uma mente fértil, mas não tem como não se divertir com eles! Não há mineiro que resista a contar causos ou a “rachar os bicos” quando se depara com um. De fato, quando dois mineiro se encontram, não vai faltar uma sessão de causos!

8) … faz junção ou abreviação de palavras? Usa expressões como “uai”, “trem”, “sô” , “bom demais da conta” ou tem uma expressão própria que todos seus amigos reconhecem? E ainda, inventa palavras? (Nesse último caso, acrescente mais um ponto).

Seja para economizar tempo ou saliva, todo mineiro adora abreviar palavras e até mesmo juntá-las. Desta mania saem pérolas do tipo: “pó pô pó?”, “peraí”, “tó”, “cê” e muitas outras versões impublicáveis. Agora, mineiro gosta mesmo é de inventar palavras, porque mineiro de verdade gosta de ter marca registrada! Basta lembrar do inventor de palavras Guimarães Rosa e até da nossa Lú (“sonhação”, lembram do texto IdiossincrasiasI???).

9) … sabe bordar e fazer biquinhos de crochê em panos de prato e toalhinhas? Se você for do sexo masculino, troque por “…você usa lenço de tecido”?

Mineiro tem carinho pelas tradições, e tem um capricho especial na hora de cuidar do seu interior. Por isso, as mulheres mineiras adoram dar aquele ar aconchegante à cozinha e aos banheiros decorando-os com toalhinhas e panos de prato bordados e enfeitados com biquinhos de crochê. Quanto aos homens, não dispensam seus lencinhos de tecido com monograma personalizado bordado, feito por suas mulheres, é claro, com muito carinho e dedicação.

10) … faz “pratinho” no fim da festa?

Mineiro não compactua com o desperdício, e também não recusa um docinho! Então, se no final da festa você não resiste a montar um pratinho com seus quitutes preferidos para saborear no dia seguinte, você é um legítimo mineiro, não tem como esconder!

Eu sou mineira, mas quem não é? Some os pontos e confira o seu resultado:

De 0 a 3 pontosPaulista, baiano, capixaba, fluminense, etc… Você, decididamente, não é mineiro! Tá fraco nessa mineiridade! Vale lembrar que é bom conhecer melhor o jeito de ser do pessoal de Minas, como já descrito lá em cima. Além de se surpreender com as belas coisas que você pode descobrir, pode acabar descobrindo mais mineiridade em você do que imaginava!

De 4 a 6 Mineirinho. Você sabe que é o bom nessa vida, mas, como todo bom mineiro, ainda está desconfiado demais para colocar em prática a sua sabedoria! Está certo que mineiro só arrisca quando tem certeza, mas nesse assunto, pode ficar tranqüilo e liberar o seu mineirismo à vontade, que você só tem a ganhar com isso.

De 7 a 9 – Você é mineiríssimo! Quase um mestre no assunto, quando se trata de mineiridade! Ser mineiro é com você mesmo

10 ou mais – Parabéns, você é mineiro da gema! Sabe curtir os pequenos prazeres da vida, pois acredita que neles se encontra a verdadeira felicidade!

Texto e Fotografia: Bela.

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CARNAHELL – A saga continua…

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2a. PARTE – “POLÍCIA OU LADRÃO?”

Após uma “maravilhosa” (só que não) noite sono ao som do “caminhão-ar-condicionado” (porque o ar-condicionado do quarto do Hotel Rodoviário mais parecia uma turbina ligada no nosso ouvido – detalhe é que pagamos mais caro para ter um quarto com ar!), retornamos à Rodoviária para pegar o ônibus que sairia para Macaé às 09:30h. No entanto, TODOS os carros estavam atrasados mais de 3 horas, igual à noite anterior, e provavelmente o nosso partiria só depois do meio-dia.

Desnorteados com o calor, quase pisamos em cima da Aninha sentada em cima de sua mala, no enorme saguão da Rodoviária, lotada de gente. Ela é namorada do Cris, amigo do meu namorado, residente de Macaé, que também iria passar o Carnaval conosco. Aninha saiu de BH com destino para o Rio na noite da sexta-feira, e só tinha conseguido passagem de ônibus Rio/Macaé saindo às 17h. O Cris então decidiu ir de carro para o Rio, para buscar a Ana no Rio. E por carro, leia-se o “Todynho” – companheiro de aventuras (= UNO MILLE, 1900 e antigamente, cor de leite com Toddy). Provavelmente, ele chegaria no Rio às 12:00h, por isso, mais uma vez devolvemos nossas passagens e resolvemos esperar nossa carona.

O namorado teve a brilhante ideia de ligar pro Léo, amigo dele do trabalho, para passarmos juntos a tarde no Rio, voltando pra Macaé somente à noite. Feito o contato, o Cris chegou no Rio, Léo e Letícia (esposa dele) na Rodoviária para nos guiar no trânsito caótico, rumo ao Barra Shopping. “Coisa de mineiro, merrrrmo!” – disse o casal carioca quando sugerimos almoçar no shopping. Mas de fato seria mais prático, já que meu namorado poderia aproveitar para comprar uma bermuda e uma camiseta – visto que estava apenas com a roupa do corpo, pois tinha saído direto do trabalho (em Macaé) com destino ao Rio, na noite anterior.

Na saída do shopping, ao chegarmos no carro parado dentro do estacionamento… Surpresa desagradável: algum espírito de porco furou o pneu do Toddynho, e tivemos que fazer a troca do pneu lá mesmo, sol a pino, barriga cheia, morrendo de vontade de ir para a praia. Mas o Toddynho é isso aí, “companheiraço”…

Depois do almoço e das compras, da troca do pneu, para onde fomos?????? Onde 4 mineiros e 2 cariocas poderiam ir em pleno sábado de carnaval, duas da tarde, sol de rachar???? Obviamente, para a PRAIA. Ficamos batendo altos papos na Barra, até que olhamos no relógio e vimos que já eram quase 8h da noite!!! (Detalhe que ainda tinha sol quente esse horário – Rio é Rio, né, minha gente).

Ante à triste constatação de que chegaríamos a Macaé para lá de meia-noite, e que viajaríamos de noite, sujos de mar e areia (porque mineiro que é mineiro, quando vai à praia tem que nadar para “pegar jacaré”), o Léo nos ofereceu a casa dele para passarmos a noite! Então, poderíamos curtir a noite carioca, a praia do dia seguinte e viajar logo depois do almoço, com céu claro. Aceitamos, com muito prazer.

O programa da noite foi na Lagoa Rodrigo de Freitas, lugar agradabilíssimo, super charmoso, jantar à luz de velas, Bossa Nova ao vivo tocando e, não podia faltar, uma cervejinha long neck ao preço “módico” de R$ 5,00 (neste quesito, ninguém merece!!!). Dormimos super bem e tomamos um café da manhã REAL – digno da realeza mesmo – na casa dos cariocas, com direito até a queijo-de-minas e pão-de-queijo, para não sentirmos “abstinência”. 😉

O dia começara muito bem, obrigada, e resolvemos ir à Prainha, ou Grumari, praias liiiindas, mas super distantes do centro da cidade, beeeem depois da Barra. Mas a aventura não ficou só por aí, por incrível que pareça. Antes de sair do túnel Rebouças, notamos um carro de polícia, com a sirene ligada, vindo atrás de nosso amigo Toddy, como que em perseguição implacável. Como motoristas educados, pegamos logo a pista da direita para dar passagem às “autoridades”. Qual não foi a nossa surpresa (para não dizer desespero mesmo) quando o carro de polícia se emparelhou com o nosso, e os policiais, com escopetas e metralhadoras em punho, nos fizeram sinais para encostar o carro, gritando e gesticulando. Paramos o carro, o Léo parou o dele mais à frente. O policial olhou bem dentro do carro, mandou o Cris sair e levar consigo os documentos. Neste meio tempo, o Léo saiu do carro dele e começou a andar na direção do nosso. O Policial se assustou, pôs a mão sobre a arma da cintura, e perguntou quem era. Cris respondeu que era um amigo, carioca mesmo, e que trabalhavam juntos. Ao ouvir isso, imediatamente o guarda guardou a pistola e voltou correndo pra viatura, nos mandando embora, que estava tudo ok, e arrancou logo o carro. Por um instante, ficamos sem entender muita coisa, mas depois de conversarmos com o Léo, descobrimos que estávamos prestes a ser… ASSALTADOS. Tristeza sem fim! Ele mesmo (Léo), já tinha sofrido 2 assaltos da mesma forma, há poucos meses!!!

Ahhhhh… Fala sério!!!

Ana.

** Para ler os outros capítulos da “saga”, clique:

1ª parte;

3ª parte (final).