Arquivo da tag: So this is Christmas

Presente, Passado e Futuro

Padrão
Presente, Passado e Futuro

(Texto e Foto: Ana.)

Obs. 1: Clique no cartão para visualizá-lo em tamanho maior.

Publicidade

Mineiras, Uai: Um Presente de Natal

Padrão
O texto abaixo vou escrito a 6 mãos. Como? Oras, eu, Bela e Lu unimos nossas forças e cada uma escreveu um pedacinho deste pequeno conto natalino, saído diretamente de nossas cacholas para o dia 24/12/2006… E nada mais justo que homenagear vocês, caríssimos leitores, e minhas ex-colegas de blog com um texto tão lindo e tão surpreendente!

Gari, Bebela e Lúlis, amo vocês! Um Natal de luz, harmonia e amor para todas! E que 2008 seja surpreendente, mágico e repleto de sonhos se tornando realidade…

Ana.

Um Presente de Natal

Desde que se entendia por gente, Antonino morava na casa de pau a pique construída por seu avô em uma terrinha no meio do sertão. Minúscula gleba de terra que foi passando de pai para filho e da qual saía o sustento de toda a família. Foi com muito orgulho que o pai de Antonino lhe legou a casinha e o pequeno terreno que a cercava no dia de seu casamento com Jacinta, dizendo que com seu trabalho ele seria capaz de cuidar de sua mulher e filhos.

Assim, passaram-se alguns anos de trabalho duro, malgrado a seca que teimava em roubar os preciosos litros de água que nutriam os míseros legumes da horta de Jacinta e cavava profundas entalhas onde Rosinha, a vaca ancuda e magricela deveria ter o seu pasto.

Mesmo trabalhando duro sob o sol inclemente do sertão, Antonino não reclamava da dificuldade da vida e do suor que impregnava o seu corpo no final do dia, pois à noite ele recebia um beijo de Jacinta e um abraço apertado do filho Francisco.

Mas esse ano tinha sido diferente: a seca deu uma trégua a Antonino, o que lhe permitiu conseguir trabalho em uma propriedade nas redondezas e amainar a miséria que reinava na casa de pau a pique. E por isso, com algumas notas no bolso, Antonino resolveu que este ano a família comemoraria o Natal, não apenas com orações à meia noite como sua mãe havia lhe ensinado, mas também com presentes. Suspeitava de que Francisco sequer saberia o que significava o Natal, mas ele iria proporcionar ao filho uma surpresa especial.

Chegou em casa pensando no tecido florido que viu na vendinha da cidade mais próxima, e com o qual Jacinta poderia fazer um belo vestido. Sorriu ao imaginar a felicidade da mulher. Pôs-se, então, a pensar no filho. O que poderia agradar Francisco?

Francisco estava sentado na porta da casa, a camiseta suja de terra e os joelhos ralados, como qualquer garoto de sua idade. Correu para o pai quando o viu se aproximar e o abraçou, pulando em seus braços.

Isso encorajou Antonino a perguntar:
-Filho, o que você quer ganhar de presente de Natal?

Francisco o olhou com um inconfundível brilho de alegria nos olhinhos e disse entusiasmadamente:
– Pai, eu sei o que eu quero. Eu quero NEVE!!!

Assustou-se Antonino com tal resposta, e em seguida questionou ao filho de onde viera ousado pedido. A resposta foi rápida:
– Ouvi a professora Matilde dizer que na Europa as crianças brincam na neve no Natal. Então eu quero brincar com neve também!

Matilde era uma das poucas professoras da “Escola Felicidade” que se preocupava com o futuro das crianças, sem perder a esperança de que dias melhores estavam por vir. Assim, numa de suas aulas de contos, a professora Matilde leu aos alunos histórias sobre o Natal na Europa, e Francisco ficou curioso e encantando com a tal “neve”.

No entanto, este seria um presente quase impossível de Antonino dar a seu filho querido. O dinheiro que havia ganhado mal dava para comprar presentes e fazer uma cesta de comidas. Pensou que a solução seria viajar com o filho, mas para onde? Como?

Com sua pouca escolaridade, Antonino mal sabia qual era a cidade mais próxima que nevava. Havia viajado poucas vezes de barco e nunca de avião, como realizaria o sonho do filho?

Antonino informou-se com as pessoas mais ricas do sertão e descobriu que pouco abaixo da divisa do Brasil, a caminho do Uruguai, estava a primeira cidade que nevava. Mas sair do sertão e chegar até lá, como seria, quanto tempo demandaria… Teria que deixar de construir um Natal feliz para toda a família e apenas realizar o sonho de Francisco.

O coração de Antonino apertou. Jacinta, com seu amor incondicional, acalmou Antonino e disse para rezarem à Divina Providência, que com certeza uma solução apareceria.

Até que na véspera do dia de Natal um anjo tocou em Antonino, e o levou para bem longe da vida. A família inteira ficou alvoroçada, desnorteada, até esqueceu que era o dia do nascimento do menino Jesus. Esqueceu também de Papai Noel, esqueceu seus sonhos e planos. Francisco, da noite para o dia deixou de ser criança, e sentiu o peso do mundo em suas costas infantis, o peso que antes o pai carregava.

Dez anos se passaram e as coisas mudaram muito. Pouco tempo depois da morte de Antonino, Jacinta se juntou a ele, e Francisco se viu sozinho. Agora já era adulto, e cuidava de si com determinação. Casou-se com uma moça da cidade grande, Maria Lúcia, uma menina linda e sonhadora. Logo juntaram dinheiro para poder viajar, e foram tentar ganhar a vida nos Estados Unidos. A América era um sonho, uma chance de ganhar um dinheiro mais valorizado.

Chegaram a Nova York em Março, não estava nem quente nem frio. Chiquinho agora era “Frrranciscow”, como os americanos o chamavam. Fazia de tudo: pintava paredes, lavava pratos, latrinas e andava com os cachorros dos gringos. Impressionante como aqueles animais eram cheios de luxos que ele mesmo nunca tivera, nem sonhara existir.

Maria Lúcia cuidava da casinha que conseguiram alugar, bem longe do centro, e também trabalhava em casa de famílias abastadas, cuidando de crianças e fazendo de tudo um pouco. A vida não era nada fácil, aprender uma língua diferente e aparentemente difícil. As pessoas eram frias, distantes, mas achavam graça do jeito diferente dos brasileiros, do modo como falavam, e das coisas que comiam. Sentiam-se estranhos àquele local, meio excluídos, discriminados, mas levavam a vida assim mesmo.

O Natal ia se aproximando, Chiquinho e Marilú (como ele a chamava carinhosamente) não faziam idéia do frio que viria pela frente. Pela primeira vez viram que realmente uma pessoa poderia morrer de frio, pois até então, só tinham medo da fome e da sede que matava tantas crianças no sertão de onde vieram. Muita chuva e um vento cortante e gelado, e o dia parecia nunca chegar, pois a noite caiu sobre a agitada cidade daquele país estranho, e parecia que nunca mais iria terminar. A vida ficou cinza e sem graça.

Desde que seu pai morreu Francisco não se lembrava do que era o Natal. A Escola Felicidade ficara para trás há muito tempo, assim como a professora Matilde, e as lembranças daqueles poucos anos que vivera na roça em companhia de seus pais, Antonino e Jacinta. Há muito tempo não pensava neles, embora sentisse que sempre tinha uma mão por perto o amparando, nos momentos mais difíceis. Na verdade, Francisco não tinha tempo para pensar nessas coisas. Sua rotina era trabalhar, trabalhar, trabalhar. Muitas vezes dormia menos de 4 horas por noite, pois sua jornada de trabalho era longa penosa.

Não nevou nenhum dia desde que estava na América, de fato, o inverno estava atípico, bem mais ameno, diziam os “new yorkers”. Francisco nem se importou, afinal seus sonhos de criança já tinham se perdido, e nem mesmo do pedido de neve de presente que fizera ao pai anos atrás, ele se recordava. Até que na véspera de Natal, o que todos os americanos entendem como bom presságio para a noite do nascimento de Cristo, e para o ano que se aproxima, aconteceu… da forma mais inesperada e estranha que todos os habitantes do planeta já tiveram notícias…

Naquela mesma noite, Francisco e Marilú estavam de folga no alpendre de casa, e juntos bebiam “Cidra Cereser” que compraram numa venda de brasileiros num bairro próximo. De olhos fechados e de mãos dadas, Francisco sentiu um toque leve e gelado em seu nariz. Assustou-se com aquela nova sensação, e abriu os olhos. Os mais belos flocos de neve desciam do céu, e ele ficou cego de lembranças, de emoções, e de tudo aquilo que ficou tão bem guardado em seu coração há tantos anos. Lembrou-se de quando era uma criança, e de tudo o que já vivera: do pedido de Natal, de seu terno pai e da carinhosa mãe.

Por um momento, poderia jurar tê-los visto no céu lá do hemisfério norte, sorrindo e lançando confeitos de gelo. Imediatamente percebeu, como que por mágica, que em nenhuma outra casa da Big Apple caía um só floco de neve! Era como se Antonino finalmente realizasse o sonho do curioso menino, o presente de Natal de conhecer de perto da brancura e a leveza do gelo que caía do céu, e ao mesmo tempo acordasse o adulto Francisco da rotina e da dura vida que levava, para ser feliz com as pequenas coisas e sensações.

Naquela hora, Maria Lúcia anunciou que esperava um filho de Francisco, e a alegria tomou conta daqueles seres embevecidos pela beleza e pelo frescor do presente enviado dos céus.

Cantaram, gargalharam, dançaram, como nunca haviam feito antes.

A partir de então, Francisco entendeu o verdadeiro sentido do Natal: o que a neve trouxe foi a certeza de que seriam felizes, pois a felicidade estava nas menores coisas, e onde quer que ele fosse, nunca mais se esqueceria do amor por seus pais, por Maria Lúcia e o filho que iriam ter, e acima de tudo, do amor que o fazia seguir em frente, apaixonado pela vida, pelos sonhos, e pela magia do Natal.

Então…

Padrão

Tudo bem que o Natal é a festa cristã em comemoração ao nascimento de Jesus. E tudo bem que todo mundo se esquece disso, e vira esta loucura consumista que todos falam, e blábláblá.

Mas eu ainda sou daquelas pessoas que gostam de Natal. Não só pelo o que eu já falei aí em cima, mas também por ser perto do meu aniversário e do fim do ano, por eu amar dar presentes – e ganhar também, é óbvio – pelas comidas deliciosas, frutas secas, por reencontrar minhas primas e primos, ver meus avós felizes juntando a grande família por mais um ano, a carinha dos meus priminhos mais novos quando encontram presentes embaixo da árvore de Natal na manhã do dia 25, etc, etc, etc.

Mas tem coisas no Natal que irritam até a mim, sabiam? Por exemplo: festinhas de amigo oculto, ter que desejar Feliz Natal pra todo mundo, decorações breguetésimas em tudo quanto é lugar, engarrafamento de gente nos shoppings, lojas e centro da cidade, automóveis aos montes enlouquecidos andando pelas ruas, e o pior: músicas natalinas!!!

Aaaarrrrgh! Não tem coisa mais chata, mais insuportável, que música natalina tocando sem parar no seu ouvido. Sério, se eu trabalhasse em shopping ou supermercado nesta época do ano, juro que eu surtava. Jingle Bells, Silent Night, White Christmas, We Wish You a Merry Christmas e por aí vai, simplesmente me dão nos nervos, com suas variações cada vez mais barangas em bandolins, violinos chorosos, pianos trinados, ou vozes desconhecidas.

Quem foi o “espertinho” que simplesmente decidiu que, só porque estamos próximos do Natal, todas as pessoas do universo querem ouvir músicas natalinas? E estas não ficam adstritas somente aos shoppings e supermercados… Se você for ao centro da cidade, ou até mesmo em alguma botique fina de bairro nobre, será obrigado a ouvir tais “hits” em suas versões mais irritantes, ou (pior ainda) com arranjos modernosos estilo lounge, como se isso fosse capaz de torná-las mais agradáveis…

Outra coisa que não me entra na cabeça: a decoração das casas nesta época. É um desperdício absurdo de eletricidade, e um exercício fenomenal de mau gosto! Imaginem a entrada de uma casa com quatrocentos-mil bonecos de “Papai Noel” de borracha, em forma de bóia ou balão? Pois tem uma assim aqui no bairro, acreditem se quiser. Passo em frente e me dá vontade de estourar Papai Noel por Papai Noel com uma agulha, só pra não me doer tanto mais as vistas.

E tem aquela, cujo dono é tão podre de rico que instalou uma “máquina de fazer neve” em frente ao portão, justo na estação mais quente do ano no BRASIL (que só se forçar muuuuuuito, tem uma nevezinha mixuruca, e, ainda assim, apenas na região sul, um dia ou dois por ano), com o verão prometendo ser o mais insuportavelmente calorento de todos os tempos, e, como se isso não bastasse, ainda suja de espuma (ops, “neve”) todo o jardim e calçada defronte!

E aquela outra, com lâmpadas coloridas de todas as cores cobrindo TODA a fachada da casa, piscando freneticamente, tocando adivinha o quê??? Musiquinhas de Natal… Ou seja, se você mora em frente a esta casa, imaginará estar passando suas merecidas noites de sono e descanso em frente a uma boate de péssimo gosto. Eu dava um tiro.

Bem, deixando o meu mau humor de lado, termino este texto, e vocês já devem estar dando graças a Deus por isto! A verdade é que preciso ir ao supermercado fazer compras, que fica dentro de um shopping insuportavelmente cheio, com decoração baranga e tocando Jingle Bells sem parar.

É, já sei o que vou pedir de presente de Natal, para acrescentar à listinha anteriormente feita: PACIÊNCIA DE JÓ!

Ana.

Charge retirada deste site.

Sweet December

Padrão
Dezembro pra mim é um mês feliz. Tem cheiro de chuva, de sol, de verão, de ficar com a pele douradinha de sol, cheiro de flor (pelo resquício da primavera), cheiro de festa, de bolo de chocolate, de comida gostosa, cheiro de casa de vó, de perfume novo, de mudança de vida, de fim de ano, de planos mil (a começar onde será passada a noite do dia 24 pro dia 25, onde se festejará a passagem de ano, tirarei férias ou não, quais as metas para o ano que vem…), cheiro de pipoca e de cinema, cheiro de shopping, de roupa nova, de dama-da-noite e laranja lima…

Claro que tem a chatice do excesso de trabalho do final do ano… Parece que o mundo inteiro se esquece dos outros meses e deixa tudo para o último furo, o último instante, a última hora, o último suspiro. Quem manda pode, obedece quem se fode. E vamo que vamo!

Este ainda é o mês da engorda, pois com tanta festa por aí, haja malhação no dia seguinte… É ainda o mês da falência, pois sempre tem que dar uma lembrancinha pra fulano, outra pra ciclano… E aí, de grão em grão, o seu bolso fica vazio. E haja consumismo nesta época do ano… Espírito natalino uma ova!

É o mês dos “amigos ocultos” (ou “amigos secretos”, como preferirem). Me diz uma coisa: há algo mais constrangedor e chato que amigo oculto? Pelo menos em festa de final de ano, não há não. Claro que não sou anti-social ao ponto de não participar, quando o povo todo do trabalho está dentro, mas que é chato, isso é. Melhor estar dentro que ficar só assistindo. (Leiam mais chatices sobre o amigo oculto no blog do Nando.)

É ainda o mês das datas mais importantes do ano (juntamente com o final de Novembro, é claro), quando aniversariam as pessoas mais legais da face da Terra: OS SAGITARIANOS!!! Vejam aí se uma criatura assim não é mesmo a mais jóia de todas?

“[…] Sendo tão versáteis e possuindo tantos talentos, os sagitarianos seguem uma grande variedade de ocupações em sua busca da verdade e autoconhecimento. Mesmo quando a astrologia tenta diminuir suas tendências profissionais mais prevalecentes e preferidas, a lista é longa. […]
Não obstante, Sagitário é um daqueles signos paradoxais de dualidade, de modo que sempre existe algo de contraditório em sua natureza. […] Alguns Arqueiros são joviais e brincalhões, outros são sérios e estudiosos. Uns são quietos e reflexivos, quase tão graves quanto os capricornianos. Em sua maioria, contudo, os sagitarianos são criaturas despreocupadas, que adoram brincadeiras fortes, não demonstrando receios ou preocupações, e para quem a vida é um grande jogo ou uma droga. […]
Consiste em pesquisar uma verdade em primeiro lugar, depois reconhecê-la e, por fim, ser compelido a expressá-la sem temor, o que é válido tanto para os Arqueiros saltitantes como para os introvertidos e quietos, extremamente raros. É como querer alcançar a argola de latão e cair do cavalo no processo, formular um desejo a uma estrela cadente e cruzar os dedos das mãos e dos pés para dar sorte. Todo sagitariano é idealista e jogador ao mesmo tempo, em doses iguais. Eles gostam de cantar, desenhar e dançar, de jogar e arriscar-se. Também gostam de ler, estudar, observar, aprender, ensinar e viajar. Quando dois deles estão envolvidos em todas estas coisas (ou menos parte delas), a vida nunca é enfadonha. Pode ser exaustiva, mas de modo algum enfadonha. […]
O perdão é uma virtude que os sagitarianos partilham […]. Contudo, perdoar é uma coisa, pedir desculpas é outra. Dois arqueiros não terão facilidade para desculpar-se um com o outro, inclusive com outras pessoas. No entanto, eles sentem o arrependimento um do outro e, em vez de forçarem o assunto, simplesmente ficam dizendo coisas amáveis a torto e a direito, para indicar que não houve ressentimentos. Os Arqueiros jamais guardam ressentimentos. Eles admitem francamente que estiveram errados (quando acreditam nisso de verdade), porém o fazem com mais freqüência através de atos e não em muitas palavras, ou tornando a sorrir jovialmente, desta forma convidando a outra pessoa a esquecer o desentendimento, para que voltem a ser amigos. Sagitário encontra maneiras de expressar um “sinto muito”, sem que palavras reais sejam ditas. Isto evita que se humilhem, mantém seu orgulho intacto e permite que as pazes, após uma briga, sejam mais ou menos indolores.”
Tá bom, beleza. Muitos vão dizer que astrologia é uma merda. Mas na boa, quem me conhece, ou é sagitariano, arrepia quando lê essas coisas, pois parece que a autora me conheceu pessoalmente para escrever este livro…
Hoje é aniversário de BH, 110 aninhos. Da Marília Alvarenga também, e ainda da Fê, uma amiga de infância da época de colégio (não falarei as idades pois não quero criar controvérsias aqui, honestidade é uma coisa, sacanagem é outra!). Agora invertam a ordem dos números e encontrarão o dia do meu aniversário, que, obviamente, tinha que ser o dia do solstício do verão, o início da estação mais quente do ano… 🙂

Ana.

Ps.: O nome do livro é “Os Astros Comandam o Amor“, da Linda Goodman, Ed. Best Seller. Tem só 1064 páginas, que eu já li de trás pra frente e de frente pra trás…

Carta ao Papai Noel

Padrão
Prezado Senhor Noel,

Em primeiro lugar, nunca sei como chamar o senhor: Santa Claus, Nicolau, Papai Noel, só Noel, Bom Velhinho, Pai Natal, etc. Poderia me esclarecer esta questão, para começarmos melhor nossa conversa?

Em segundo lugar, gostaria de dizer que fui uma boa menina (mulher, garota, jovem, adulta?!) durante este ano. Trabalhei demais, estudei (de menos), namorei (um pouco), briguei menos, chorei (demais), vivi (demais), sofri (um bocado), viajei (bastante, porém menos que queria), malhei (não o suficiente), gastei (mais que deveria), poupei (menos que gostaria), fiz amigos (muitos), reencontrei pessoas queridas, reatei amizades, escrevi bastante, conheci pessoas novas de todo canto do Brasil e do mundo, brinquei, dancei, gritei, esperneei, beijei, amei, decepcionei, presenteei… enfim, vivi com plenitude!

Sendo assim, aí vai minha lista (merecida, diga-se de passagem) de presentes. Sinta-se livre para me dar o que quiser (ou puder):

– Um notebook;
– Um carro;
– Um namorido;
– Um apartamento.

Ok, ok, brincadeirinhas à parte. Na realidade, o que eu gostaria de ganhar, mesmo, é o seguinte:

– O sentimento da minha mãe;
– A inteligência do meu pai;
– O carinho do Léo;
– A garra do Ângelo;
– A sabedoria do meu chefe;
– A determinação da Gil;
– A minuciosidade da Renata;
– A folga do Fábio;
– A cara-de-pau da Elaine;
– A determinação da Adélia;
– A graça da Donária;
– A cultura da Bela;
– A simplicidade da Lú;
– O profissionalismo do Daniel;
– A paixão da Marília;
– A sagacidade do Nando;
– A capacidade do André;
– A vivência do Renato;
– A graça da Gabi;
– A transparência do João;
– A barriga sarada da menina da academia que corre 2 horas todos os dias na esteira;
– O talento de um grande escritor;
– Uma pele de pêssego;
– A ingenuidade de uma criança;
– A alegria de uma escola de samba;
– A música de um piano;
– A voz de uma soprano;
– A agilidade de uma borboleta;
– A liberdade de um passarinho;
– A beleza de uma flor;
– Arte, muita arte!

Ah é, quase me esqueci: o fim da fome no mundo!

Será que estou pedindo demais? 😉


Ana.

(Imagem retirada da internet.)

Carta ao Papai Noel

Padrão
Prezado Senhor Noel,

Em primeiro lugar, nunca sei como chamar o senhor: Santa Claus, Nicolau, Papai Noel, só Noel, Bom Velhinho, Pai Natal, etc. Poderia me esclarecer esta questão, para começarmos melhor nossa conversa?

Em segundo lugar, gostaria de dizer que fui uma boa menina (mulher, garota, jovem, adulta?!) durante este ano. Trabalhei demais, estudei (de menos), namorei (um pouco), briguei menos, chorei (demais), vivi (demais), sofri (um bocado), viajei (bastante, porém menos que queria), malhei (não o suficiente), gastei (mais que deveria), poupei (menos que gostaria), fiz amigos (muitos), reencontrei pessoas queridas, reatei amizades, escrevi bastante, conheci pessoas novas de todo canto do Brasil e do mundo, brinquei, dancei, gritei, esperneei, beijei, amei, decepcionei, presenteei… enfim, vivi com plenitude!

Sendo assim, aí vai minha lista (merecida, diga-se de passagem) de presentes. Sinta-se livre para me dar o que quiser (ou puder):

– Um notebook;
– Um carro;
– Um namorido;
– Um apartamento.

Ok, ok, brincadeirinhas à parte. Na realidade, o que eu gostaria de ganhar, mesmo, é o seguinte:

– O sentimento da minha mãe;
– A inteligência do meu pai;
– O carinho do Léo;
– A garra do Ângelo;
– A sabedoria do meu chefe;
– A determinação da Gil;
– A minuciosidade da Renata;
– A folga do Fábio;
– A cara-de-pau da Elaine;
– A determinação da Adélia;
– A graça da Donária;
– A cultura da Bela;
– A simplicidade da Lú;
– O profissionalismo do Daniel;
– A paixão da Marília;
– A sagacidade do Nando;
– A capacidade do André;
– A vivência do Renato;
– A graça da Gabi;
– A transparência do João;
– A barriga sarada da menina da academia que corre 2 horas todos os dias na esteira;
– O talento de um grande escritor;
– Uma pele de pêssego;
– A ingenuidade de uma criança;
– A alegria de uma escola de samba;
– A música de um piano;
– A voz de uma soprano;
– A agilidade de uma borboleta;
– A liberdade de um passarinho;
– A beleza de uma flor;
– Arte, muita arte!

Ah é, quase me esqueci: o fim da fome no mundo!

Será que estou pedindo demais? 😉


Ana.

(Imagem retirada da internet.)

Um Presente de Natal

Padrão
Desde que se entendia por gente, Antonino morava na casa de pau a pique construída por seu avô em uma terrinha no meio do sertão. Minúscula gleba de terra que foi passando de pai para filho e da qual saía o sustento de toda a família. Foi com muito orgulho que o pai de Antonino lhe legou a casinha e o pequeno terreno que a cercava no dia de seu casamento com Jacinta, dizendo que com seu trabalho ele seria capaz de cuidar de sua mulher e filhos.

Assim, passaram-se alguns anos de trabalho duro, malgrado a seca que teimava em roubar os preciosos litros de água que nutriam os míseros legumes da horta de Jacinta e cavava profundas entalhas onde Rosinha, a vaca ancuda e magricela deveria ter o seu pasto.

Mesmo trabalhando duro sob o sol inclemente do sertão, Antonino não reclamava da dificuldade da vida e do suor que impregnava o seu corpo no final do dia, pois à noite ele recebia um beijo de Jacinta e um abraço apertado do filho Francisco.

Mas esse ano tinha sido diferente: a seca deu uma trégua a Antonino, o que lhe permitiu conseguir trabalho em uma propriedade nas redondezas e amainar a miséria que reinava na casa de pau a pique. E por isso, com algumas notas no bolso, Antonino resolveu que este ano a família comemoraria o Natal, não apenas com orações à meia noite como sua mãe havia lhe ensinado, mas também com presentes. Suspeitava de que Francisco sequer saberia o que significava o Natal, mas ele iria proporcionar ao filho uma surpresa especial.

Chegou em casa pensando no tecido florido que viu na vendinha da cidade mais próxima, e com o qual Jacinta poderia fazer um belo vestido. Sorriu ao imaginar a felicidade da mulher. Pôs-se, então, a pensar no filho. O que poderia agradar Francisco?

Francisco estava sentado na porta da casa, a camiseta suja de terra e os joelhos ralados, como qualquer garoto de sua idade. Correu para o pai quando o viu se aproximar e o abraçou, pulando em seus braços.

Isso encorajou Antonino a perguntar:
-Filho, o que você quer ganhar de presente de Natal?

Francisco o olhou com um inconfundível brilho de alegria nos olhinhos e disse entusiasmadamente:
– Pai, eu sei o que eu quero. Eu quero NEVE!!!

Assustou-se Antonino com tal resposta, e em seguida questionou ao filho de onde viera ousado pedido. A resposta foi rápida:
– Ouvi a professora Matilde dizer que na Europa as crianças brincam na neve no Natal. Então eu quero brincar com neve também!

Matilde era uma das poucas professoras da “Escola Felicidade” que se preocupava com o futuro das crianças, sem perder a esperança de que dias melhores estavam por vir. Assim, numa de suas aulas de contos, a professora Matilde leu aos alunos histórias sobre o Natal na Europa, e Francisco ficou curioso e encantando com a tal “neve”.

No entanto, este seria um presente quase impossível de Antonino dar a seu filho querido. O dinheiro que havia ganhado mal dava para comprar presentes e fazer uma cesta de comidas. Pensou que a solução seria viajar com o filho, mas para onde? Como?

Com sua pouca escolaridade, Antonino mal sabia qual era a cidade mais próxima que nevava. Havia viajado poucas vezes de barco e nunca de avião, como realizaria o sonho do filho?

Antonino informou-se com as pessoas mais ricas do sertão e descobriu que pouco abaixo da divisa do Brasil, a caminho do Uruguai, estava a primeira cidade que nevava. Mas sair do sertão e chegar até lá, como seria, quanto tempo demandaria… Teria que deixar de construir um Natal feliz para toda a família e apenas realizar o sonho de Francisco.

O coração de Antonino apertou. Jacinta, com seu amor incondicional, acalmou Antonino e disse para rezarem à Divina Providência, que com certeza uma solução apareceria.

Até que na véspera do dia de Natal um anjo tocou em Antonino, e o levou para bem longe da vida. A família inteira ficou alvoroçada, desnorteada, até esqueceu que era o dia do nascimento do menino Jesus. Esqueceu também de Papai Noel, esqueceu seus sonhos e planos. Francisco, da noite para o dia deixou de ser criança, e sentiu o peso do mundo em suas costas infantis, o peso que antes o pai carregava.

Dez anos se passaram e as coisas mudaram muito. Pouco tempo depois da morte de Antonino, Jacinta se juntou a ele, e Francisco se viu sozinho. Agora já era adulto, e cuidava de si com determinação. Casou-se com uma moça da cidade grande, Maria Lúcia, uma menina linda e sonhadora. Logo juntaram dinheiro para poder viajar, e foram tentar ganhar a vida nos Estados Unidos. A América era um sonho, uma chance de ganhar um dinheiro mais valorizado.

Chegaram a Nova York em Março, não estava nem quente nem frio. Chiquinho agora era “Frrranciscow”, como os americanos o chamavam. Fazia de tudo: pintava paredes, lavava pratos, latrinas e andava com os cachorros dos gringos. Impressionante como aqueles animais eram cheios de luxos que ele mesmo nunca tivera, nem sonhara existir.

Maria Lúcia cuidava da casinha que conseguiram alugar, bem longe do centro, e também trabalhava em casa de famílias abastadas, cuidando de crianças e fazendo de tudo um pouco. A vida não era nada fácil, aprender uma língua diferente e aparentemente difícil. As pessoas eram frias, distantes, mas achavam graça do jeito diferente dos brasileiros, do modo como falavam, e das coisas que comiam. Sentiam-se estranhos àquele local, meio excluídos, discriminados, mas levavam a vida assim mesmo.

O Natal ia se aproximando, Chiquinho e Marilú (como ele a chamava carinhosamente) não faziam idéia do frio que viria pela frente. Pela primeira vez viram que realmente uma pessoa poderia morrer de frio, pois até então, só tinham medo da fome e da sede que matava tantas crianças no sertão de onde vieram. Muita chuva e um vento cortante e gelado, e o dia parecia nunca chegar, pois a noite caiu sobre a agitada cidade daquele país estranho, e parecia que nunca mais iria terminar. A vida ficou cinza e sem graça.

Desde que seu pai morreu Francisco não se lembrava do que era o Natal. A Escola Felicidade ficara para trás há muito tempo, assim como a professora Matilde, e as lembranças daqueles poucos anos que vivera na roça em companhia de seus pais, Antonino e Jacinta. Há muito tempo não pensava neles, embora sentisse que sempre tinha uma mão por perto o amparando, nos momentos mais difíceis. Na verdade, Francisco não tinha tempo para pensar nessas coisas. Sua rotina era trabalhar, trabalhar, trabalhar. Muitas vezes dormia menos de 4 horas por noite, pois sua jornada de trabalho era longa penosa.

Não nevou nenhum dia desde que estava na América, de fato, o inverno estava atípico, bem mais ameno, diziam os “new yorkers”. Francisco nem se importou, afinal seus sonhos de criança já tinham se perdido, e nem mesmo do pedido de neve de presente que fizera ao pai anos atrás, ele se recordava. Até que na véspera de Natal, o que todos os americanos entendem como bom presságio para a noite do nascimento de Cristo, e para o ano que se aproxima, aconteceu… da forma mais inesperada e estranha que todos os habitantes do planeta já tiveram notícias…

Naquela mesma noite, Francisco e Marilú estavam de folga no alpendre de casa, e juntos bebiam “Cidra Cereser” que compraram numa venda de brasileiros num bairro próximo. De olhos fechados e de mãos dadas, Francisco sentiu um toque leve e gelado em seu nariz. Assustou-se com aquela nova sensação, e abriu os olhos. Os mais belos flocos de neve desciam do céu, e ele ficou cego de lembranças, de emoções, e de tudo aquilo que ficou tão bem guardado em seu coração há tantos anos. Lembrou-se de quando era uma criança, e de tudo o que já vivera: do pedido de Natal, de seu terno pai e da carinhosa mãe.

Por um momento, poderia jurar tê-los visto no céu lá do hemisfério norte, sorrindo e lançando confeitos de gelo. Imediatamente percebeu, como que por mágica, que em nenhuma outra casa da Big Apple caía um só floco de neve! Era como se Antonino finalmente realizasse o sonho do curioso menino, o presente de Natal de conhecer de perto da brancura e a leveza do gelo que caía do céu, e ao mesmo tempo acordasse o adulto Francisco da rotina e da dura vida que levava, para ser feliz com as pequenas coisas e sensações.
Naquela hora, Maria Lúcia anunciou que esperava um filho de Francisco, e a alegria tomou conta daqueles seres embevecidos pela beleza e pelo frescor do presente enviado dos céus.

Cantaram, gargalharam, dançaram, como nunca haviam feito antes.

A partir de então, Francisco entendeu o verdadeiro sentido do Natal: o que a neve trouxe foi a certeza de que seriam felizes, pois a felicidade estava nas menores coisas, e onde quer que ele fosse, nunca mais se esqueceria do amor por seus pais, por Maria Lúcia e o filho que iriam ter, e acima de tudo, do amor que o fazia seguir em frente, apaixonado pela vida, pelos sonhos, e pela magia do Natal.

BERRIES

FELIZ NATAL, NÃO SE ESQUEÇAM DE SONHAR, SEJAM SEMPRE CRIANÇAS E CARPE DIEM!
São os votos das Mineiras, Uai!

Obs.: Conto escrito a 6 mãos, por Bela, Lú e Ana.
Obs. 2: Foto por Edson Martins.

Um Presente de Natal

Padrão
Desde que se entendia por gente, Antonino morava na casa de pau a pique construída por seu avô em uma terrinha no meio do sertão. Minúscula gleba de terra que foi passando de pai para filho e da qual saía o sustento de toda a família. Foi com muito orgulho que o pai de Antonino lhe legou a casinha e o pequeno terreno que a cercava no dia de seu casamento com Jacinta, dizendo que com seu trabalho ele seria capaz de cuidar de sua mulher e filhos.

Assim, passaram-se alguns anos de trabalho duro, malgrado a seca que teimava em roubar os preciosos litros de água que nutriam os míseros legumes da horta de Jacinta e cavava profundas entalhas onde Rosinha, a vaca ancuda e magricela deveria ter o seu pasto.

Mesmo trabalhando duro sob o sol inclemente do sertão, Antonino não reclamava da dificuldade da vida e do suor que impregnava o seu corpo no final do dia, pois à noite ele recebia um beijo de Jacinta e um abraço apertado do filho Francisco.

Mas esse ano tinha sido diferente: a seca deu uma trégua a Antonino, o que lhe permitiu conseguir trabalho em uma propriedade nas redondezas e amainar a miséria que reinava na casa de pau a pique. E por isso, com algumas notas no bolso, Antonino resolveu que este ano a família comemoraria o Natal, não apenas com orações à meia noite como sua mãe havia lhe ensinado, mas também com presentes. Suspeitava de que Francisco sequer saberia o que significava o Natal, mas ele iria proporcionar ao filho uma surpresa especial.

Chegou em casa pensando no tecido florido que viu na vendinha da cidade mais próxima, e com o qual Jacinta poderia fazer um belo vestido. Sorriu ao imaginar a felicidade da mulher. Pôs-se, então, a pensar no filho. O que poderia agradar Francisco?

Francisco estava sentado na porta da casa, a camiseta suja de terra e os joelhos ralados, como qualquer garoto de sua idade. Correu para o pai quando o viu se aproximar e o abraçou, pulando em seus braços.

Isso encorajou Antonino a perguntar:
-Filho, o que você quer ganhar de presente de Natal?

Francisco o olhou com um inconfundível brilho de alegria nos olhinhos e disse entusiasmadamente:
– Pai, eu sei o que eu quero. Eu quero NEVE!!!

Assustou-se Antonino com tal resposta, e em seguida questionou ao filho de onde viera ousado pedido. A resposta foi rápida:
– Ouvi a professora Matilde dizer que na Europa as crianças brincam na neve no Natal. Então eu quero brincar com neve também!

Matilde era uma das poucas professoras da “Escola Felicidade” que se preocupava com o futuro das crianças, sem perder a esperança de que dias melhores estavam por vir. Assim, numa de suas aulas de contos, a professora Matilde leu aos alunos histórias sobre o Natal na Europa, e Francisco ficou curioso e encantando com a tal “neve”.

No entanto, este seria um presente quase impossível de Antonino dar a seu filho querido. O dinheiro que havia ganhado mal dava para comprar presentes e fazer uma cesta de comidas. Pensou que a solução seria viajar com o filho, mas para onde? Como?

Com sua pouca escolaridade, Antonino mal sabia qual era a cidade mais próxima que nevava. Havia viajado poucas vezes de barco e nunca de avião, como realizaria o sonho do filho?

Antonino informou-se com as pessoas mais ricas do sertão e descobriu que pouco abaixo da divisa do Brasil, a caminho do Uruguai, estava a primeira cidade que nevava. Mas sair do sertão e chegar até lá, como seria, quanto tempo demandaria… Teria que deixar de construir um Natal feliz para toda a família e apenas realizar o sonho de Francisco.

O coração de Antonino apertou. Jacinta, com seu amor incondicional, acalmou Antonino e disse para rezarem à Divina Providência, que com certeza uma solução apareceria.

Até que na véspera do dia de Natal um anjo tocou em Antonino, e o levou para bem longe da vida. A família inteira ficou alvoroçada, desnorteada, até esqueceu que era o dia do nascimento do menino Jesus. Esqueceu também de Papai Noel, esqueceu seus sonhos e planos. Francisco, da noite para o dia deixou de ser criança, e sentiu o peso do mundo em suas costas infantis, o peso que antes o pai carregava.

Dez anos se passaram e as coisas mudaram muito. Pouco tempo depois da morte de Antonino, Jacinta se juntou a ele, e Francisco se viu sozinho. Agora já era adulto, e cuidava de si com determinação. Casou-se com uma moça da cidade grande, Maria Lúcia, uma menina linda e sonhadora. Logo juntaram dinheiro para poder viajar, e foram tentar ganhar a vida nos Estados Unidos. A América era um sonho, uma chance de ganhar um dinheiro mais valorizado.

Chegaram a Nova York em Março, não estava nem quente nem frio. Chiquinho agora era “Frrranciscow”, como os americanos o chamavam. Fazia de tudo: pintava paredes, lavava pratos, latrinas e andava com os cachorros dos gringos. Impressionante como aqueles animais eram cheios de luxos que ele mesmo nunca tivera, nem sonhara existir.

Maria Lúcia cuidava da casinha que conseguiram alugar, bem longe do centro, e também trabalhava em casa de famílias abastadas, cuidando de crianças e fazendo de tudo um pouco. A vida não era nada fácil, aprender uma língua diferente e aparentemente difícil. As pessoas eram frias, distantes, mas achavam graça do jeito diferente dos brasileiros, do modo como falavam, e das coisas que comiam. Sentiam-se estranhos àquele local, meio excluídos, discriminados, mas levavam a vida assim mesmo.

O Natal ia se aproximando, Chiquinho e Marilú (como ele a chamava carinhosamente) não faziam idéia do frio que viria pela frente. Pela primeira vez viram que realmente uma pessoa poderia morrer de frio, pois até então, só tinham medo da fome e da sede que matava tantas crianças no sertão de onde vieram. Muita chuva e um vento cortante e gelado, e o dia parecia nunca chegar, pois a noite caiu sobre a agitada cidade daquele país estranho, e parecia que nunca mais iria terminar. A vida ficou cinza e sem graça.

Desde que seu pai morreu Francisco não se lembrava do que era o Natal. A Escola Felicidade ficara para trás há muito tempo, assim como a professora Matilde, e as lembranças daqueles poucos anos que vivera na roça em companhia de seus pais, Antonino e Jacinta. Há muito tempo não pensava neles, embora sentisse que sempre tinha uma mão por perto o amparando, nos momentos mais difíceis. Na verdade, Francisco não tinha tempo para pensar nessas coisas. Sua rotina era trabalhar, trabalhar, trabalhar. Muitas vezes dormia menos de 4 horas por noite, pois sua jornada de trabalho era longa penosa.

Não nevou nenhum dia desde que estava na América, de fato, o inverno estava atípico, bem mais ameno, diziam os “new yorkers”. Francisco nem se importou, afinal seus sonhos de criança já tinham se perdido, e nem mesmo do pedido de neve de presente que fizera ao pai anos atrás, ele se recordava. Até que na véspera de Natal, o que todos os americanos entendem como bom presságio para a noite do nascimento de Cristo, e para o ano que se aproxima, aconteceu… da forma mais inesperada e estranha que todos os habitantes do planeta já tiveram notícias…

Naquela mesma noite, Francisco e Marilú estavam de folga no alpendre de casa, e juntos bebiam “Cidra Cereser” que compraram numa venda de brasileiros num bairro próximo. De olhos fechados e de mãos dadas, Francisco sentiu um toque leve e gelado em seu nariz. Assustou-se com aquela nova sensação, e abriu os olhos. Os mais belos flocos de neve desciam do céu, e ele ficou cego de lembranças, de emoções, e de tudo aquilo que ficou tão bem guardado em seu coração há tantos anos. Lembrou-se de quando era uma criança, e de tudo o que já vivera: do pedido de Natal, de seu terno pai e da carinhosa mãe.

Por um momento, poderia jurar tê-los visto no céu lá do hemisfério norte, sorrindo e lançando confeitos de gelo. Imediatamente percebeu, como que por mágica, que em nenhuma outra casa da Big Apple caía um só floco de neve! Era como se Antonino finalmente realizasse o sonho do curioso menino, o presente de Natal de conhecer de perto da brancura e a leveza do gelo que caía do céu, e ao mesmo tempo acordasse o adulto Francisco da rotina e da dura vida que levava, para ser feliz com as pequenas coisas e sensações.
Naquela hora, Maria Lúcia anunciou que esperava um filho de Francisco, e a alegria tomou conta daqueles seres embevecidos pela beleza e pelo frescor do presente enviado dos céus.

Cantaram, gargalharam, dançaram, como nunca haviam feito antes.

A partir de então, Francisco entendeu o verdadeiro sentido do Natal: o que a neve trouxe foi a certeza de que seriam felizes, pois a felicidade estava nas menores coisas, e onde quer que ele fosse, nunca mais se esqueceria do amor por seus pais, por Maria Lúcia e o filho que iriam ter, e acima de tudo, do amor que o fazia seguir em frente, apaixonado pela vida, pelos sonhos, e pela magia do Natal.

BERRIES

FELIZ NATAL, NÃO SE ESQUEÇAM DE SONHAR, SEJAM SEMPRE CRIANÇAS E CARPE DIEM!
São os votos das Mineiras, Uai!

Obs.: Conto escrito a 6 mãos, por Bela, Lú e Ana.
Obs. 2: Foto por Edson Martins.

Eu já vi o Papai Noel

Padrão

Eu era bem criança (não vou falar “pequena”, pois isso eu ainda sou… rsrs), devia ter uns 04 ou 05 anos. O nosso Natal sempre foi ou em Nova Era, casa dos meus avós, ou com a família da minha mãe, em BH ou Santa Maria de Itabira. Este ano 1984 (ou 1985) estávamos em Nova Era.
Sou a neta mais velha de Soié e D. Aparecida, ao lado do Clóvis Fabrício, que é o neto mais velho, nascido quase 02 anos antes de mim. Éramos muito amigos – ainda o somos, mas o dia-a-dia não nos permite encontrar tanto – e aprontávamos todas pra cima dos meus tios ou dos priminhos mais novos. Naquele ano, o Fabrício estava desconfiando que Papai Noel não existia, tentava me convencer a todo custo, e eu argumentava contra, já gastando todo o meu raciocínio lógico-jurídico que eu nem sabia possuir desde então. Algumas vezes cheguei quase a convencê-lo de que estava errado, mas sua teimosia era grande, e o menino prodígio dos computadores (sim, ele ganhou o primeiro quando tinha 04 anos) não se deixava abater, tudo era muito simples e matematicamente certo.
Naquela noite de Natal, a missão da patota toda era ficar de plantão na sala da vovó, embaixo da árvore de Natal, e com a janela fechada, pra ver se o bom velhinho nos chamaria para deixá-lo entrar e trazer os tão esperados presentes.
Meu pai, preocupado com a nossa saúde (pois não aceitamos sequer um lençol ou travesseiro, tudo tinha que ser bem desconfortável pra não corrermos o risco de cair no sono), tentou nos levar para o quarto, para o quentinho das camas, mas a briga foi grande, e tudo ficou como estava.
Meninos, eu vi! Juro que vi! Eu vi o Papai Noel na janela, que eu abri para ele entrar, conversei com ele, sentei em seu colo, e ele me pediu para ir dormir no quarto e só abrir os presentes na manhã seguinte, para ser uma boa menina e obedecer e respeitar meus pais e avós.
Se foi sonho, eu não sei, só sei que acordei no dia seguinte no quarto, e tudo estava conforme o Papai Noel tinha deixado antes de ir embora!
É por isso que prefiro até hoje acreditar que o mundo pode ser melhor, que a vida pode ser light, sem stress, com mais sorrisos e mais magia… Prefiro acreditar que ainda sou criança e posso brincar e sonhar e dançar e girar até o fim dos meus dias!
Feliz Natal a todos!
Ana.

Eu já vi o Papai Noel

Padrão

Eu era bem criança (não vou falar “pequena”, pois isso eu ainda sou… rsrs), devia ter uns 04 ou 05 anos. O nosso Natal sempre foi ou em Nova Era, casa dos meus avós, ou com a família da minha mãe, em BH ou Santa Maria de Itabira. Este ano 1984 (ou 1985) estávamos em Nova Era.
Sou a neta mais velha de Soié e D. Aparecida, ao lado do Clóvis Fabrício, que é o neto mais velho, nascido quase 02 anos antes de mim. Éramos muito amigos – ainda o somos, mas o dia-a-dia não nos permite encontrar tanto – e aprontávamos todas pra cima dos meus tios ou dos priminhos mais novos. Naquele ano, o Fabrício estava desconfiando que Papai Noel não existia, tentava me convencer a todo custo, e eu argumentava contra, já gastando todo o meu raciocínio lógico-jurídico que eu nem sabia possuir desde então. Algumas vezes cheguei quase a convencê-lo de que estava errado, mas sua teimosia era grande, e o menino prodígio dos computadores (sim, ele ganhou o primeiro quando tinha 04 anos) não se deixava abater, tudo era muito simples e matematicamente certo.
Naquela noite de Natal, a missão da patota toda era ficar de plantão na sala da vovó, embaixo da árvore de Natal, e com a janela fechada, pra ver se o bom velhinho nos chamaria para deixá-lo entrar e trazer os tão esperados presentes.
Meu pai, preocupado com a nossa saúde (pois não aceitamos sequer um lençol ou travesseiro, tudo tinha que ser bem desconfortável pra não corrermos o risco de cair no sono), tentou nos levar para o quarto, para o quentinho das camas, mas a briga foi grande, e tudo ficou como estava.
Meninos, eu vi! Juro que vi! Eu vi o Papai Noel na janela, que eu abri para ele entrar, conversei com ele, sentei em seu colo, e ele me pediu para ir dormir no quarto e só abrir os presentes na manhã seguinte, para ser uma boa menina e obedecer e respeitar meus pais e avós.
Se foi sonho, eu não sei, só sei que acordei no dia seguinte no quarto, e tudo estava conforme o Papai Noel tinha deixado antes de ir embora!
É por isso que prefiro até hoje acreditar que o mundo pode ser melhor, que a vida pode ser light, sem stress, com mais sorrisos e mais magia… Prefiro acreditar que ainda sou criança e posso brincar e sonhar e dançar e girar até o fim dos meus dias!
Feliz Natal a todos!
Ana.