Só prá não perder o costume…

Padrão

Banca de frutas do Mercado Central, Basílica de Lourdes, Centro Cultural (antigo museu de Mineralogia), Museu Histórico Abílio Barreto e Parque Municipal.

E por falar em costume bem mineiro, que tal um passeio pelo Mercado Central?

Para quem não conhece BH, vou resumir aqui o que é o nosso MC: imaginem um imenso galpão (que ocupa uma quadra todinha), com gente de todo tipo, e lojinhas que vendem de tudo. Imaginaram? Não, eu acho que vocês não entenderam: quando eu digo “de tudo”, é T-U-D-O meeeeessssmoooo! De filhotes de animais a pedras semi-preciosas, de temperos e ervas de todo canto do mundo a fumo de rolo, de restaurantes típicos e cafeterias a botequinhos com cerveja geladíssima, de comida para peixe a chocolates e especiarias, rolhas e garrafas, vidros e latarias, colher de pau e pau de canela…. Ah! Agora sim deu pra sacar, né? Mais ou menos? (Não vou continuar, senão encho a página inteira com tudo que pode se achar no Mercado…)

Mas eu ia dizendo sobre o passeio ao Mercado Central. Hoje eu fui lá com meus pais, que vão todos os domingos comprar temperos, acepipes, e fazer um “lanchinho”. Após comprarmos alguns vidrinhos de temperos e queijo canastra meia-cura (delícia de Minas!), resolvemos comer um lombinho na chapa com jiló. (É jiló mesmo, viu? Daquele que você dá pra passarinho comer.)

O botequim lá do MC é uma piada. Não tem mesas nem cadeiras, fica num corredor e todo mundo grita: do freguês que faz seu pedido ao atendente, que solicita ao outro atendente o pedido feito. Resumindo: são dois balcões, um do lado, outro do outro. O povo conversa alto, feliz pelo curioso atendimento, pela cerveja gelada, pela comidinha deliciosa, ou mesmo para se fazer escutar em meio a tanta gritaria. Detalhe: é tudo muito barato, mas super bem feito. Os pratos são preparados na sua frente, numa chapa devidamente engordurada e quente. É um local tradicional de encontro dos mineiros, bem como dos turistas que visitam a cidade.

Hoje, enquanto esperávamos nosso lombinho com jiló, um senhor que estava ao nosso lado puxou papo: uma “figuráça”, de chapéu de boiadeiro, porta óculos no cinto, um semblante muito sofrido de gente “da roça”. Ele disse que era da Bahia, do interior, que a gente podia se servir do prato dele (contrafilé acebolado com jiló) e que deveríamos pedir ao rapaz da chapa para fazer nosso lombo beeemmm passado.

_“É um périgo comer carne de porco mal passada! O dotô me disse notro día, quando fui fázê uma consulta, num sabe? Póde dá bicho!” (Tentem ler com sotaque bem nordestino).

Respondemos cordialmente, concordando com o senhor.

_“Esse povo daqui du mercado num passa muitcho bem passadim não, a rente pede, mar eles num faz direitcho.”

Papai concordou, devolvendo o prato ao atendente e pedindo que fosse passado novamente na chapa. E pegou um pedaço de carne do prato do senhor nordestino. E ele continuou, dizendo que tinha 4 filhas que moravam aqui em BH, que ele gostava muito daqui, mas não de prédio de apartamento, pois se sentia muito preso. Perguntou se a gente era daqui mesmo, pois ele só conhecia uma pessoa que era “nascida e criada” aqui, que vinha a ser o seu genro. Se espantou quando dissemos que sim, éramos daqui sim. Achou o máximo! Quando chegou nosso prato já bem passado, serviu-se de nossa carne bem rapidamente, e comentou que “Agora sim, ta muitcho boa!”. É impressionante, cada figura que a gente vê naquele mercado!

E para que vocês não fiquem pensando o contrário: é muito bem freqüentado, viu? Artistas, jogadores de futebol, “gente da alta”, todo mundo vai ao mercado, junto com gente simples, gente da roça, gente como a gente. Mas ainda assim, tudo é vendido com preços excelentes, muito barato!

Bem, fico por aqui com a minha dica de BH, só pra não perder o costume de contar um pouquinho mais dessa nossa cidade, que é uma verdadeira miscelânea de raças e culturas.

Ah! Querem mais dicas sobre BH? Tentem no Idas Brasil!
Espero que tenham gostado! Beijos!
Publicidade

»

  1. Ana, muito bom seu post acerca do Mercado Central. È tudo o que vc falou e muito mais…. lembro-me de ter levado lá, há algum tempo, o reitor e o vice-reitor da Universidade de Barcelona = simplesmente adoraram, maravilharam-se, ficaram atônitos com a complexidade dos cheiros dos temperos, das lojas que vendem ervas nativas (cipó, flor-de-laranjeira, pau-magro, catuaba…), as frutas tropicais… paramos na “praça dos abacaxis e comeram abacaxis inteiros, geladinhos, descascados ali, servidos em palitos de churrasco (!). Depois vieram os pastéis de queijo, fritos na hora. Almoçaram feijão-tropeiro (um dia vc deixa aqui a receita, peça à sua mãe). Mais andanças, curiosidades, goles de pinga da boa…. Prá arrematar, quiseram tomar vitaminas de frutas: dois copos de meio litro cada um deles, acompanhados de pastel assado de frango-com-catupiry. Fiquei o dia por conta desles, que disseram nunca ter visto nada igual. À noite fomos a uma “gafieira” legítima, com dançarinos e dançarinas da noite, show, banda ao vivo, suor de gente simples misturado ao cheiro de cigarro, bebidas e perfumes baratos…. Pois é, uma “idinha” ao Mercado, seu post e esta enxurrada de lembranças. Por isso, adoro o blog de vocês.

    Curtir

  2. Hei Ana Letícia. Muito legal seu blog. Já o visitei outro dia. Mas esta narração sobre o Mercado Central me fez viajar nada menos que 550 km e fiquei revivendo grandes momentos naquele espaço. Desde minha época de escola técnica, idos de 70, fazia minhas investidas nos salgados e bebidas daquelas “ruas”. Bem a tardinha, lá ficava saboreando diversos salgados. Naquele tempo fechava mais tarde…21:00 h. Lembro de uma salada afogada. Após preparar a carne de porco, bastante acebolada, colocavam na mesma frigideira todos os tipos de legumes,isso mesmo, todos os legumes ali vendidos. Mexiam com colher de um lado para outro durante uns minutos e serviam aquele prato suculento, afogado, regadas com caldo de carne de porco. Há também um sanduiche de carne de porco que é um verdadeiro almoço. Os restaurantes são de pura comida mineira, disputadissimo, sempre. Ah! deu água na boca. Ia muito lá com o Luiz de Cidinha, assim é conhecido em Nova Era, pois cidinha é irmã do Fernando Vilar. O Luiz trabalhava no Banerj. Vianjando mais um pouco, quando tive um barzinho “Senzala”, em Sabará, passava todas as tardes de quinta feira no mercado central, comprando salgados, carnes e legumes, laranja, limão, queijo, bacon, guardanapo, palito, azeitona, e tantas outras necessidades para suprir o barzinho nos fins de semana. Foi uma viagem no tempo. Às vezes, passo por lá, fico pouco tempo. Preciso ficar mais…
    Um grande abraço.
    Clever
    cleveradm@hotmail.com

    Curtir

  3. Oi Ana! Que óóóótimo o seu texzto sobre o mercado central. Eu amo aquele lugar, não saio de lá…ainda bem que moro bem pertinho de lá… O melhor é a vitamina de amendoim…tudo de bom….

    Bjocas pra vc Ana banana…

    Donária

    Curtir

COMENTE!

Preencha os seus dados abaixo ou clique em um ícone para log in:

Logo do WordPress.com

Você está comentando utilizando sua conta WordPress.com. Sair /  Alterar )

Foto do Facebook

Você está comentando utilizando sua conta Facebook. Sair /  Alterar )

Conectando a %s