Minha vida é um rio
Que corre e não se vê
Invisível aos ouvidos e aos que sentem
É um descontentamento de repente
Com a dor que desatina a doer
Minha vida vai,
Sem dó
Nem piedade
Com a luz do dia e da Lua
a iluminar meus pensamentos
E se eu não quiser
Mais que bem quiser
Se deixar ferir o que já foi ferido
(Ferida aberta não cicatriza mais)
Vou guardar aqueles escritos que um dia não publiquei
Vou esconder as palavras que um dia engoli.
E se meu rio corre como o Sol
Hei de crescer no leste
Hei de morrer no oeste de todo dia
E envelhecer naufragada no meu mar particular.
Ou é a pia que pinga
Ou a marvada (pinga) que vaza
Pelos meus poros
Sonoros
Pesares.
Ana.
(Texto e foto: Ana Letícia.)
Estava comentando ontem com minha esposa que a essência do ser humano, infelizmente, parece que tem muito da fluidez da água, que procura o caminho mais rápido e fácil para seguir em frente, mesmo sem saber onde deseja chegar, muitas vezes causando devastação. Basta estar em movimento…
Outro aspecto que tem me desagradado em muitas pessoas é que, assim como a água, a tendência de muitos é direcionar-se para baixo, pela óbvia facilidade e pressão da gravidade (palavra que pode definir uma lei física, uma tendência social ou interpretação pessoal). Felizmente há aqueles que se bombeiam para cima, lutando contra o mais fácil e óbvio, refrescando e nutrindo um pouco aqueles que estão à sua volta.
Com o passar do tempo, mais nítida fica para a mim a necessidade de que, além de plantar boas sementes, para se chegar a bons frutos é preciso dispensar muito tempo e constância aguando e podando.
Esses pensamentos fluíram (indo) juntamente com a leitura do seu rio. Se não soubermos para onde correm nossas águas, que sirvam para diminuir a aridez daqueles que estão pelo caminho…
Bonito e sincero o seu Ir.
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