Sou jovem sim, porém já vivenciei o amor. Houve muita e arrebatadora paixão, muita confusão, muitos pés trocados pelas mãos, porém… Sim, houve amor. Sinto coisas, muitas coisas, lindas e boas… Seria o amor batendo em minha porta? Tenho medo de atender, mas não tenho medo de viver.
Quero-o em sua ofegante plenitude, porém não sem alguns eventuais obstáculos. Eles me estimulam e instigam. Chego a pensar… Seriam eles sinais de que está tudo errado e então, eu não deveria abrir a porta? Ou apenas tentam me mostrar que o erro está em esperar demasiado antes de girar a maçaneta e deixar entrar aquele que me chama tão insistentemente? Podem ainda estar dizendo: “É isso aí… Siga em frente! Ame! Viva!”!
A vida é cheia de encruzilhadas… Sempre foi assim para mim, para nós. E não há de ser diferente. Ou sim? Os caminhos se bifurcam quando menos se espera, nos deixam sem saber o que fazer, qual decisão tomar, por onde andar: descer a montanha, passar por dentro da cachoeira de águas brancas e se jogar no precipício de nuvens de algodão-doce e corações flutuantes; ou subir aquele morro ali, nadar num profundo lago de água pura e azul de calmaria, depois atravessar a pequenina ponte de madeira de um jardim japonês e chegar numa plantação de milho e eucaliptos com aroma de lavanda e erva-doce?
Está ventando e sinto frio. A água quente provoca vapor suficiente para embaçar minha imagem no espelho. O banheiro é todo branco e brumas, agora. Fecho-me e espero, observando a água a pingar.
A pingar.
A pingar.
E a campainha a tocar.
A tocar.
A tocar.