Eu também não dei tanta importância para o dia… não recebi nenhum parabéns, comemoração alguma, só meu priminho Deco lembrou da data enquanto eu digitava o trabalho dele de escola. Eu apenas sorri e pensei, trabalho demais!
Mas “Deus ajuda a quem cedo madruga” e nunca ouvi falar que alguém tenha morrido por trabalhar, pelo contrário, o ócio é a arma da morte.
Nem sempre me agrada levantar de manhã cedo, ainda mais neste friozinho, pegar um bus até o trabalho, fazer inúmeras petições, atender clientes, participar de audiências chatas, onde não sou respeitada pelo próprio juiz, que deveria fazer justiça. Mas o cliente acima de tudo, é melhor engolir “sapos”…
Ai fico pensando que em outra época, naquela em que minhas avós viviam era diferente. A vida poderia ser mais fácil, quase nenhuma mulher trabalhava fora, cuidar apenas de casa e filhos… manha…
Que nada, ai sim que elas ralavam… e nem tinham direito ao Dia do Trabalhador.
Com a minha avó Maria (+) era um pouco diferente, ela precisava de trabalhar fora para aumentar a renda familiar e ajudar a mãe nordestina a cuidar dos filhos. Começou a trabalhar bem cedo lá em Recife, e quando veio para Curvelo com a família não parou. Trabalhava na fábrica de tecidos Maria Amália e, graças a Deus, ela tinha a ajuda da sogra e da cunhada para cuidar dos filhos. Com certeza chegava em casa bem cansada e ainda tinha que colocar ordem na casa.
Não foi uma vida fácil! Elas precisavam dar duro num tempo em que a mulher não tinha vez, onde o trabalho feminino fora de casa era um preconceito (não vamos esquecer que mesmo hoje a mulher é vítima de algumas discriminações no trabalho).
Então quando reclamo do meu trabalho, penso que tenho muito, tenho um local de trabalho e ganho um salário, num tempo em que está tão difícil arrumar emprego. Não devo reclamar! Nossas mães dão um duro danado, tripla jornada (mulher/mãe, empregada e trabalhadora) e ainda dormem com ar alegre, de missão bem realizada. Às vezes, não faço nem a metade das coisas que elas fazem, mas já fico exausta.
Como homenagem as minhas avós, trabalhadoras deste Brasil, escrevi as seguintes palavras no meu convite de formatura: “Dedico, ainda, essa conquista às minhas avós, Maria, já falecida, e Helenita por serem os alicerces das famílias e pelas demonstrações de força no trabalho.”
Amo todas, minhas avós que me olham lá do céu, minha mãe, que trabalha, cuida do meu pai e dos meus irmãos! Obrigada a todas pelo exemplo de vida e coragem!
Que a discriminação da mulher no trabalho não atrapalhe a magnitude do dia das mães!