(Vinícios de Moraes)
A nossa luta é diária: contra o preconceito, a discriminação, o machismo. Sim, pois é muito difícil ser mulher, e já nascer com a missão de gerar a vida do próprio ventre, e ainda por cima querer ter uma profissão, sonhar com um cargo elevado, estudar, cuidar da casa e de si.
Ter um dia do ano dedicado às mulheres teve sua origem inserida em um contexto histórico e ideológico muito concreto, cujo objetivo, em seus inícios, não foi rememorar nenhuma catástrofe que vitimou um grande número de mulheres – apesar da existência deste mito. O texto da resolução adotada pela II Conferência Internacional de Mulheres Socialistas, realizada em Copenhagen em 1910, vem confirmar que nem se fazia alusão a nenhum acontecimento protagonizado por operárias que devesse ser comemorado com a celebração do Dia Internacional da Mulher, nem sequer se propunha uma data concreta em que esta devesse acontecer.
Sua origem tem de ser entendida no bojo da ascensão das lutas operárias de finais do século XIX e início do século XX, cujas discussões teóricas, no campo socialista, convocavam à participação política e em cujo contexto tomava corpo a luta pela libertação da mulher.
Derrubar o mito de origem da data de 8 de Março não implica desvalorizar o significado histórico que este adquiriu. Muito ao contrário. Significa enriquecer a comemoração desse dia com a retomada de seu sentido original.
Podemos pensar em uma certa hipocrisia por ser apenas 1 dia por ano especialmente dedicado às mulheres, mas a simbologia da data serve para nos lembrar onde tudo começou, já que há tão pouco tempo não podíamos sequer votar, quiçá estudar. Serve para lembrar quem somos, e o que representamos nessa sociedade. Serve para sermos ainda mais admiradas e elogiadas, não por nossa beleza, mas por nossas conquistas, inteligência, por nossa força e coragem. Por nossas Belas, Anas, Lús e Dôs, e pelas filhas de nossas filhas, por nossas avós, e avós das nossas bisavós, estas pelo que foram um dia, aquelas pelo que ainda serão.
E que não entreguemos os pontos jamais!
Ana.