E daí se eu penso que tudo que escreves é para mim?
Se falo coisas sem sentido
– Ou com sentido só para mim
E você se ofende
Falo minhas verdades pois não as consigo segurar
Têm vida própria
Irremediáveis
E então me surpreendo com as palavras
Os poemas
Que outro destinatário têm
E que efeito sua voz provoca
Ressoa em minha mente
E se transforma em calafrios bons pelo corpo
E lembro do beijo
Da ladeira
Daquela tarde
E quero tudo de novo
Num misto de culpa, curiosidade e saudade
E então acha graça da minha falta de jeito
Da minha falsa timidez
Ou será que acredita que sou tão ingênua assim?
Não sei o que vai ser de mim
De nós
Dele
Da voz
Do amor
Do menino que vive em seus olhos
Do fim.
Ana.
(Texto e foto: Ana Letícia.)