– Dô-o-quê?
– Do-ná-ria!
– Que nome diferente!
– Pois é…
Donária era sua companhia para as aventuras mais hilárias. Jogar pedra no rio, catar coquinho, fazer guerrinha de mamona, pular o muro de casa, roubar manga do vizinho, beber até cair, dançar no balcão do bar… e por aí vai.
– Mas que doida esta Donária, heim?
Atiçava a curiosidade de todos. Donária já fora loira, já tivera os cabelos lisos, já fizera permanente nos cachos e usara lentes violeta. Donária já fora para a Europa, já lera todas as obras de Graciliano Ramos, já tivera a coleção inteira do Iron Maiden, já fora num show dos Beatles e já beijara o Jim Morrison. Donária era amiga da filha do Cartola!
– Essa Donária é danadinha mesmo, heim?
Aprendera a nadar com a Donária. A sorrir, a brincar, a dançar e a chorar com a Donária. Era ela quem lhe ensinava as maldade dos homens, e lhe contava das maravilhas mundo afora. Era ela que falava inglês com sotaque britânico perfeito, e que inventava os apelidos mais engraçados para os outros.
– E que dia vamos conhecer essa tal Donária?
Certo dia, ligou para a mãe, dizendo que estava no Shopping com a Donária, na loja tal. Mas sua mãe era esperta, pegou o carro e foi pra lá. E qual não foi a sua surpresa quando a mãe ali chegou, perguntando por Donária?
Donária era sua amiga… Imaginária!
Texto e foto: Ana.
Ps.: Este texto é para a Donária, que não é amiga imaginária!