Da Dor de se Amar Demais
(Texto publicado originalmente aos 22.10.2007.)
Poderia me abstrair de tudo e dizer, e acreditar, simplesmente, que me basta um amor tolo, como o tempo de duração do filamento de uma lâmpada comum, tácito, plácido, de desejo, pura e simples, explícito em tons pastéis, lânguido e preguiçoso. Não, não posso. Não sou assim.
Não costumo economizar. Há de sobra empolgação, falta de noção. Sou moça de horas, de dias, de anos, anos-luz. Mulher da dor de se amar demais e de se entregar, de ser perfeccionista com tudo o que faço e sinto.
Não há nada pela metade. Meias-palavras, meia foda, meia-calça. Meia-luz, pode até ser. Mas nem 8, nem 80. Ou é ZERO, ou é CEM. E vou de 1 segundo a 1000 km/h (e vice-versa) de olhos fechados, na fração de um momento, na feição, na emoção, no olhar, na letra, na ponta dos pés, no pingo do i. E é aí que mora o perigo!
E de tanto querer, há tanto sofrer. Tanta responsabilidade, tanta dor. E há tanto prazer… E há o lembrar, e há o sentir, e há o cheirar, e há o gostar. Pois não há amor sem gosto, lembrança sem cheiro, música sem gozo.
E depois daquele beijo, há a quebra. Há o limite ultrapassado, e tudo se torna tão bom quanto uma fotografia perfeita, a luz que aquece e ilumina seus loiros pelos, como num quadro de um filme, como um filamento de ouro deliberadamente largado, esquecido, sobre suas vestes… E tudo fica tão engraçado quanto numa comédia de palhaços tristes, tão natural quanto deitar na relva e sentir o cheiro da chuva, acariciar seu cão, dormir abraçadinho, mesmo quando não se está com sono, comer banana com queijo e lamber o fundo do prato até não sobrar um resquício de amor sequer.
Ana.
Texto e Foto: Ipê Amarelo: by Ana Letícia.
O fim do texto me comoveu,antes do fim me embaraçou o queijo com banana,pois como quase todo dia,além do que quando vinha lhe ver por tantas vezes seus textos diziam e dizem em mim como consequência de coincidências inúmeras escritas,tateio,tento entender,talvez sejam meus olhos parecidos com os seus,(ou mesmo a chuva tingindo os céus de seus arco-íris tangem meu rosto o céu de dissabores em vida,a rosa,o grito, roseira em punho mato o espinho que me fere,e cubro a flor pequena cútis amarela escondida no meu véu inteiro, tiroteio , lagar ,meu roteiro, um ardil-reseta) talvez o subconciente de Jung o seja,uma mesma nota(amplidão recrudeço),um só mesmo lugar,e fez mover meu peito em um grito pequenino de surpresa ante minha dor (covalescendo )
de verdade,de espanto,curvo-me sob o empuxo de meu quase pranto de dor e vida contundida, ali constituída exuberante num lampejo de vida haurida,bebida,obcecada,vívida,vivida(!)ante o empuxo no último instante de vida neste texto seu.
Desculpe minha demora,inda vivo,se não te recorda de mim,é claro,deixo-te este meu comentário
desmedido sem fim,só útero vazio,a fim de me desculpar ,tardio pedido desculpas ,em alguma afronta desmerecida pelo peso do meu tempo tanto ,haurido e agraciado por um emeio que me enviou com tanta beleza ,com um de seus textos desfeito em poemas pão…
Um bj,Ricardo Loureiro Junger,21/02/2012.
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