João Lenjob: Gerundismo

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Hoje é sexta-feira, e quem “vai estar falando pra vocês” é nosso colunista semanal…

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Gerundismo
Tanto se fala hoje deste tal de Gerundismo. Muitos ainda nem conhecem tal termo, mas o importante é que ele está em super alta por diversos meios de comunicação. A expressão, ainda criança na lingüística portuguesa, nasceu nas entrelinhas usadas por operadores de Telemarketing e curiosamente se alastrou. Pensa-se até em mudar as normas da língua, pois perante elas, a expressão é aceitável. Ou seja, não erraria quem usasse o Gerundismo. Mas o que é?
Gerundismo é um tremendo excesso de verbos, cujo último o gerúndio está no presente, para uma ação de cunho futuro, descartando o tão estudado, nos níveis fundamental e médio, “futuro do pretérito”.
– Alô! Por gentileza, qual o preço do produto “xis”?
– Um momento senhor, que eu vou estar olhando.
Assim é a resposta de um atendente, usuário deste incrível molde de utilizar três verbos juntos para um único sujeito, numa única ação. É um desperdício de verbos, concordam? Se usada duplamente, a resposta seria:
– Um momento senhor que vou olhar.
E de maneira mais útil, o mesmo usuário poderia proporcionar ao receptor da mensagem a resposta, em tom simples:
– Um momento senhor que olharei.
Quem conversa neste tão citado método atual do gerundismo tem que ir, depois estar e no final agir, ou melhor, estar agindo. Incrível como foi nascer tão errônea composição! Avaliando o caso de forma técnica, seria extremamente complicada a sua criação. Importante recordar que o gerúndio simples é normal, correto, bem aceito e pertence às normas e regras da ortografia de nossa língua.
– Onde está Fulano?
Jogando bola.
Existem ainda casos elementares:
– É dando que se recebe.
As frases não poderiam ser outras… Portanto, existe sim um abuso, que não deixa de ser um engasgável estilo de conversar. No dia-a-dia da vida, pode-se relacionar o uso do gerundismo com o uso do cigarro. Um vício. É errado? Sim. É prejudicial? Pode ser. É proibido? Não.
Este termo absurdo virou polêmica depois de ter sido proibido por alguns governos. Seria o mesmo que proibir o uso do cigarro. A causa, entretanto foi que o gerundismo deixou margem à conclusões de algumas solicitações. Ou a pessoa faz, ou estará fazendo. O “estará fazendo” tornou-se inaceitável para os ouvintes. O uso está aí, virou costume e triste, está virando hábito.
E a proibição? Será se esta moda também pega?
João Lenjob *
* João escreve neste blog toda sexta-feira, o nos outros dias da semana se diverte e se estressa tentando ensinar o correto uso do gerúndio para operadores de telemarketing…
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Sobre Ana Letícia

@analeticia Autora do blog Mineiras, uai! desde 2004, nasceu em Belo Horizonte-MG. É advogada e sagitariana. Gosta de poesia, literatura, fotografia música boa e dança clássica, contemporânea, de salão, etc. Já quis ser bailarina, como toda menina, e até hoje fica nas pontas dos pés. Participou do Projeto Macabéa com outros escritores blogueiros do Brasil, e foi uma das editoras do Castelo do Poeta, junto com seu primo, o saudoso poeta João Lenjob.

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